domingo, 26 de abril de 2009

Alho, cruz e água benta


Abaixo os concurseiros vampirescos!
Mas ãh!? É, pois é. Você está lá, todo feliz, estudando a todo vapor, lendo as súmulas que você nem sabia que existia, fazendo resumos, empolgado, com fé de que passar é só uma questão de tempo... E aparece seu colega, que supostamente estaria nas mesmas condições que você, dando início a um monólogo que parece não ter mais fim:


- Não vou passar. É, cheguei à conclusão que não vou passar. Não vou mais estudar. Para que perder tempo? Eu vou é trabalhar. Vou ganhar dinheiro. Largar essa vida. Não agüento mais. Odeio esse cursinho. Ah, você viu o tipo daquele ali? Diz que estuda, mas não estuda nada! Quem estuda sou eu! (aqui muda o tom da conversa) Eu que peguei o Tratado do Pontes de Miranda, completo! E estou lendo todos os informativos do STF, desde o número um. Existe um número um, você não sabia, né? Eu sabia que você não sabia. Sabia que eu fechei o edital do concurso, aquele? Nossa, tô mandando muito bem. Dessa vez eu tenho certeza que vou passar. Se for uma prova ridícula, igualzinha aquela do ano passado, vou é gabaritar. Tiro primeiro lugar nesse concurso. E pronto. Ah, sabe quantas horas estou estudando por dia? 15 horas. Mais seis de sono. E as outras três são para comer, descansar, assistir TV, namorar, encontrar a família e malhar. (aqui você faria aquela cara de “nossa, campeão”). E tem mais. Essa matéria é muito fácil. Eu não sei como você não consegue entender as teorias que os professores falam. Eu já li três autores sobre o assunto e fiz o fichamento de todos – lógico. Ah! Você sabia que eu ouvi falar que rúcula faz bem para memória? Você come umas três folhas de rúcula enquanto lê o vade mecum. Resolve mesmo. Eu mesmo já decorei todo o artigo 5.º da Constituição! Ah, não vale comer pizza de rúcula com tomate seco. Tem que ser folha pura e sem tempero. Se você comer pizza vai acabar ficando é gordinho de tanto estudar. E Tributário então! Nossa, que matéria mais fácil! Imposto de renda para mim é baba. Sinceramente, você que não entende o que é renda no imposto de renda, como vai ser juiz? Putz! Eu comprei duas apostilonas maravilhosas de questões comentadas por professores sei lá da onde, onde Judas perdeu as botas, porque as meias ele perdeu antes, e bom, sabe o que eu vou fazer? Corrigir os erros dessas apostilas. Sim, porque no meu nível de estudo, avançado, não sou mais de fazer resumo de livro, eu já corrijo os erros dos outros. E tô sentindo que passo no próximo concurso. Com certeza. Vou até começar a preparar o discurso da minha posse... Ahhh! Já deu meu horário! Tenho que ir porque hoje vou estudar tudo sobre competência no processo civil. Acho melhor você começar a se animar hein... Uma vaga já é minha no concurso! Melhor correr atrás da sua. Tchau!

Bom, nada me resta senão comentar: “beijosdesliga”.
ps.: Antes que afirmem que eu ando no lado negro da força ultimamente, a foto deste post é do filme "Entrevista com o Vampiro", de 1994, com Tom Cruise, Brad Pitt e Antonio Banderas, cujo roteiro é baseado no livro de mesmo nome de Anne Rice (de 1976). Não vou contar muito do filme, fica aí a sugestão para quem gosta de filmes assim e tal. Porém, trata-se de uma "entrevista" mesmo. Um repórter começa a conversar com nada mais, nada menos que Brad Pitt, o qual afirma ser um vampiro "transformado" por Lestat, nada mais, nada menos (parte dois) que Tom Cruise. Um plus, ainda: nos créditos finais, a música é Sympathy for the Devil, cantada pela banda Guns... :D

terça-feira, 14 de abril de 2009

Era uma vez um diabinho...


O pior de todos os pesos é o da consciência? São as vozes dentro da sua cabeça que o levam à loucura? É o anjinho concurseiro que reclama toda vez que o diabinho-adeus-concurso o faz largar dos livros e se divertir? Afinal, concurseiro “de verdade” sabe o que é diversão; ou será que ele só sabe fazer piada com coisas como “codicilo”, “fideicomisso”, “distinguising”, “binding” e teoria da imputação objetiva?

Aproveitando o gancho do post anterior sobre a necessidade que todos nós temos em curtir o tempinho que ainda nos resta, por que deixar de lado a diversão? Sair, conversar e jantar fora não mata ninguém e não faz com que você entre na lista dos reprovados. Clarooo! Antes que me joguem pedras, corrijo-me. Tudo que é feito dentro dos limites da razoabilidade e proporcionalidade não faz mal. Não estou aqui levantando a bandeira dos baladeiros de plantão. Eu tenho consciência, e acredito que os meus colegas também saibam disso, que se o concurseiro deixar o ritmo forte de estudos para curtir todas as baladas que a noite pode oferecer, é tiro certeiro na preparação. Mas! Um dia ou dois na semana, um jantarzinho fora, dar risadas... não tira o tal do “foco” no concurso. Bem no fim é tudo uma questão de consciência, não? Cuidemos também da nossa saúde mental. Mente estressada e bitolada não leva adiante nenhum concurseiro.
Esses dias, eu tava numa livraria e encontrei um colega de cursinho. A única coisa que ele disse foi “mas é uma bitolada, mesmo!” e foi embora. Bom, na verdade procurava um livro de literatura, um romance que me foi recomendado. E estava longe da seção de livros jurídicos... Eu sei que estudar demais destrói a vida de qualquer um. Física e mentalmente. Meu anjinho (aquele ali do começo) é forte. :P

Aqui em Curitiba vai ter show do Oasis, dia 10 de maio. É domingo, e começa às 19h30. Como eu disse, o pior depois é ficar se remoendo e pensando “por que eu não fui”, não? :D
ps.: Música do post de hoje: "Dust in the wind", gravada em 1977, pela banda americana Kansas. Conhecida por todo mundo...

segunda-feira, 6 de abril de 2009

Tempo, mano véio


Do alto de sua bengala, eis que nos deparamos em um certo momento com um senhor amável, fofinho, de óculos quadradinhos e pequeninos, uma barba longa e branca... Não tem bochechas rosadas, é magrinho, arcado e com o rosto fundo de incontáveis rugas, ou “momentos interessantes”, como assim gosta de pensar. Fala-nos com a voz mansa: “Olá, sou aquele a que todos temem a chegada... E mesmo assim, chego de mansinho, e posso causar inúmeras e diversas impressões. Sou conhecido por muitos nomes, mas podem me chamar de Tempo”.
E aí, o concurseiro acorda e percebe, do nada, que estamos em abril (mas já?!) e que já é o quarto mês do ano, que faltam nada menos que dois ou três para acabar o cursinho que se comprometeu a fazer e que, bom, ainda falta MUITO para estudar. Que já é Páscoa, e daqui a pouco começam as festividades juninas e que a rotina nos consome de tal modo que não conseguimos colorir nossos dias. Eles seguem como num filme preto e branco, do qual não se consegue definir o começo, meio e fim... Definitivamente, não sei o que acontece o Senhor Tempo. Ele é rápido, é perspicaz, um algoz em certos dias. E é falando sobre o tempo que me vêm as palavras de Quintana, “se me fosse dado um dia, ... eu nem olhava o relógio”. Enfim, quero dizer hoje que, “apesar dos pesares”, das lágrimas que chegam de mansinho e voltam como que enxotadas, não desista. Se o tempo parece correr, corra na frente dele. Organize-se, encontre pessoas, estude de modos diferentes, recite artigos legais, copie, desenhe. Coloque cor nos dias rotineiros, reserve um horário para sua família ou para quem você gosta. Dedique-se agora: ainda dá tempo de começar a estudar, de voltar a estudar, de continuar a estudar. Não desanime. Embora estudar seja sofrer, a dor e a angústia são temporárias. O cargo, como diria William Douglas, é para sempre.



“A vida é o dever que nós trouxemos para fazer em casa.
Quando se vê, já são seis horas!
Quando de vê, já é sexta-feira!
Quando se vê, já é natal...
Quando se vê, já terminou o ano...
Quando se vê perdemos o amor da nossa vida.
Quando se vê passaram 50 anos!
Agora é tarde demais para ser reprovado...
Se me fosse dado um dia, outra oportunidade, eu nem olhava o relógio.
Seguiria sempre em frente e iria jogando pelo caminho a casca
dourada e inútil das horas...
Seguraria o amor que está a minha frente e diria que eu o amo...
E tem mais: não deixe de fazer algo de que gosta devido
à falta de tempo.
Não deixe de ter pessoas ao seu lado por puro medo de ser feliz.
A única falta que terá será a desse tempo que, infelizmente, nunca mais voltará.

(Mario Quintana).